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DIMINUTIVO


Estava perdido pelo centro, abordei uma moça para perguntar como chegar na avenida Itapetininga.

“Como assim Nelson? Não se lembra mais de mim?

“Quem é você? Como me conhece?”
“Sou eu, a Carlinha. Como pôde se esquecer?”

“Carlinha minha ex? A minha Carla?”

“Não sou mais sua, nunca fui, inclusive por isso terminamos, se lembra? Você e essa sua mania de posse.”

Foi quando me lembrei, a Carla sempre foi muito literal, às vezes me cansava.
Ela se cansou primeiro, terminamos.

Eu sou daqueles que deleto a pessoa das redes sociais, corto as fotos impressas e não volto mais aos bares e restaurantes que fomos juntos.

Apaguei a Carla, e pra mim ela era essa desconhecida que a gente aborda perguntando de alguma localização que não iremos entender a explicação e acabar recorrendo ao GPS do celular.

“Foi isso o que eu fui pra você? Que me esqueceu assim tão rápido?”

“Literal como sempre hein Carla. Mas agora não tenho tempo, mande um abraço ao Bruno.”
Ainda ouvi ela reclamar de eu lembrar dele e dela me esquecer.  

Bruno era seu cachorro labrador. Mas como eu iria esquecer? O Bruno nunca reclamou que eu deixei toalha na cama ou que eu peidei na hora do jantar. Acho até que ele iria rir e fazer uma piada, bem a cara dele.

Mas não tinha tempo pra falar com ela, foi só eu me afastar que até esqueci o seu nome. Keila? Maria? Ah deixa pra lá.

Preciso ir à rua Itapetininga urgente, dizem que lá tem um lounge maravilhoso, quero levar a Laura lá hoje à noite.

Eu adoraria ir ao restaurante da avenida central, mas é que não consigo mais ir lá desde que a Ritinha me largou.

Tenho que parar de colocar o nome das minhas namoradas no diminutivo.
Acho que esse é o problema.
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